Em geral, no contexto de uma
ACE não é possível "mudar" uma pessoa.
Mas é possível, com a mudança
do ambiente organizacional solicitar da pessoa atitudes e
estilos de liderança diferentes.
Professores, médicos,
engenheiros, encanadores e outros profissionais são treinados
por anos, passando por testes antes de exercer suas profissões;
presidentes e membros da diretoria de uma ACE não. Isto ocorre
também com políticos, pais e outros. O presidente torna-se
“qualificado” para sua função no momento da eleição; caso
contrário não poderia ter-se candidatado. Por isso, o presidente
não questiona seu estilo de liderança: aplica o estilo da
própria empresa. (ver: “Como conduzirá
um novo presidente a
ACE?”)
Aconselhar ou treinar alguém
que não está “sofrendo”, que não vê a necessidade de mudança, é
impossível. E mesmo que o presidente participe de um curso /
treinamento sobre gestão e organização de uma ACE, promovido por
uma federação ou um projeto, continuará sendo difícil imaginar
um impacto real no estilo de liderança deste presidente.
Conclusão: através da
intervenção direta, normalmente é impossível mudar as atitudes e
o estilo de liderança do presidente.
Quando, no contexto de
desenvolvimento organizacional de uma ACE, ela está mudando de
um "Clube Empresarial” para uma empresa de prestação de lobby e
serviços, a cada passo o presidente é confrontado com pedidos e
demandas por parte de associados, funcionários e membros da
diretoria. Mudam as condições de gestão para a liderança da ACE.
Certas atitudes relativas à liderança não são mais aceitas,
outras são esperadas. Isso pode levar anos para acontecer e, às
vezes, é interrompido por estagnação ou retrocessos.
Este exemplo corresponde
exatamente à idéia principal da Metodologia Empreender: através
da organização de associados em Núcleos estimular um processo de
desenvolvimento, que muda a relação entre presidente, diretores,
funcionários e associados, aumentando o desempenho da ACE no que
se refere a lobby e serviços.
No entanto, é importante ficar
claro: Isto pode funcionar com êxito e de forma sustentável. Mas
não é garantido. |
Uma verdadeira historia:
Uma
cidade industrial no sul do Brasil, com cerca 250.000
habitantes.
Com quase
100 anos, a ACE tem cerca de 200 membros, um Secretário
Executivo em tempo parcial, três funcionários, um escritório
pobre. As grandes indústrias locais não participam na ACE.
Observação de um membro da Diretoria: "Aqui, o presidente decide
e faz tudo. Na realidade, estou aqui apenas como um figurante! "
A maior
surpresa, aqui, não é tanto o comportamento do presidente. Ele
gerencia a ACE de acordo com suas tradições, da mesma forma como
está gerenciando sua empresa. A grande surpresa é com relação a
este diretor. Um empresário com 3,000 empregados, investindo
seis ou mais horas de trabalho por semana na ACE (reuniões
semanais da diretoria, outros eventos...), permitir / aceitar
ser tratado como figurante. A cultura brasileira: "O presidente
manda!" e a falta de conhecimento de outros estilos de liderança
de uma ACE parece dificultarem uma reação ou um abandono.
Neste
contexto iniciou-se na ACE a implementação da Metodologia
Empreender. Com a criação de Núcleos, começam a ser realizadas
reuniões participativas, treinamentos, participações em feiras e
missões, inclusive em outros países, etc.
Oito
anos e dois presidentes mais tarde:
A ACE tem
cerca 1,000 associados, um Diretor Executivo bem qualificado, 12
funcionários, um escritório bem equipado e adequado. A ACE
mantém cerca 30 Núcleos diferentes e três consultores. Está
envolvida em muitos debates e atividades locais, regionais,
estaduais e nacionais.
O novo
presidente é um dos proprietários da maior indústria da cidade.
Uma personalidade ativa, bem conhecida, com grande reputação.
Um dia
ele abre a reunião semanal da diretoria dizendo: "Temos um
problema...". Todos os diretores endireitam-se nas cadeiras e
pensam: “Agora, vamos discutir um problema”. O presidente
continua: "E eu já falei com o prefeito, com outros políticos,
com outras lideranças, outros empresários e então fiz isso e
isso. E o problema já está resolvido”. Os diretores caem em
frustração. Nada a discutir e decidir.
Um dia os
diretores iniciaram uma “revolta”: "Presidente, se você decide e
faz tudo, então podemos ir para casa. Nós somos inúteis aqui.
Estamos desperdiçando nosso tempo." Resultado: o presidente
mudou seu estilo. Teve que o mudar.
O que
ocorreu, neste exemplo? O ambiente, o espírito e as estruturas
organizacionais tinham mudado na ACE. Diretores tinham
experimentado discussões abertas nos Núcleos e comissões,
conheceram a vantagem de reuniões bem moderadas e da cooperação
com funcionários qualificados da ACE. Eles haviam observado ou
participado em movimentos “de baixo para cima” na ACE.
Associados, diretores e funcionários haviam desenvolvido
autoconfiança. Eles respeitaram a posição do presidente, mas
solicitaram também participação. Esta mudança de postura por
parte dos diretores e funcionários levou o presidente a adotar
um novo estilo de liderança (o que não foi fácil para ele).
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